sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A economia

       Ocupando uma posição relativamente secundária na economia de sua Metrópole (Portugal) totalmente voltada para o tráfico de escravos, agricultura de plantation e comércio de especiarias, estas atividades não eram praticadas no Timor, porém, a grande riqueza era a preciosa madeira de sândalo, árvore de essências aromáticas e medicinais; florestas inteiras foram arrasadas já nos primeiros anos de colonização. Com relação ao café, a demanda internacional favoreceu a expansão de seu cultivo a partir do século XIX. De excelente qualidade, o café tornou-se o principal produto de exportação do Timor (80% do total). Ainda que fossem conhecidas ou parcialmente exploradas  jazidas de cobre, manganês, petróleo e gás natural, o país permaneceu essencialmente agrícola, com o milho e o arroz como produtos principais. A pesca até hoje é explorada artesanalmente pela população costeira. Devido ao isolamento, contrariamente às demais colônias portuguesas, seu comércio foi direcionado mais aos países da região do que para a Metrópole. O nível  de vida do Timor permaneceu muito baixo: segundo a ONU, a renda per capita em 1975 era de US$ 40. A partir da ocupação indonésia, a estrutura econômica da ilha foi severamente atingida e subvertida, provocando distúrbios de toda ordem. Os produtores de café passaram a ser remunerados muito abaixo das cotações internacionais devido ao monopólio exercido por intermediários locais em cumplicidade com militares de alta patente. Danos provocados pela guerra e a desarticulação de redes tradicionais de produção de alimentos estão diretamente relacionados com os incontroláveis surtos de epidemia e fome que assolaram a população.
       Por sua vez, o petróleo e o gás natural levaram o Timor a um complexo jogo geopolítico internacional: com estimativas variando de 1 a 6 bilhões de barris (The Age em 9/9/1989 e Financial Times em 14/12/1989) sem mencionar entre 3 a 17 trilhões de m³ de gás natural; estas imensas reservas concentradas na plataforma continental da ilha colocam o Timor português entre as mais ricas jazidas petrolíferas do mundo. Não seria incorreto afirmar que a invasão indonésia foi também motivada pela cobiça dessas jazidas.
       Em 1989, em flagrante violação das normas e do direito internacional, a Indonésia e a Austrália acordaram um  tratado conjunto de exploração de petróleo no mar territorial de Timor - o chamado "Timor Gap" (em inglês abertura; é usada para definir o braço de mar entre Timor-Leste e Austrália, cuja fronteira marítima ainda não havia sido traçada. No início da década de 1970, negociações entre Portugal e Austrália a respeito desse assunto não foram concretizadas, o que retira qualquer legitimidade ao acordo de exploração petrolífera firmado entre a Indonésia e a Austrália). O governo português, formalmente responsável pela administração do território, levou a questão à Corte Internacional de Justiça de Haia, retirando  seu embaixador em Camberra - Austrália. Posteriormente, os dois países romperam relações diplomáticas.

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