sexta-feira, 18 de novembro de 2011

República Democrática de Timor-Leste

Fonte: http://timor-leste.gov.tl/



        Fonte: http://timor-leste.gov.tl/



Fonte: http://www.cplp.org/id-22.aspx (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa)


       Situado no sudeste da Ásia, o Timor- Leste é um país pequeno (18.899km²) e cerca de 1.065 mil habitantes, conforme dados do FMI (disponíveis em http://www.un.org/es/documents/).
       A República Democrática de Timor-Leste tem como regime de governo, a república parlamentarista. O chefe de Estado é o presidente sr. José Ramos-Horta, o chefe de Governo é o primeiro ministro sr. Kay Rala Xanana Gusmão e chanceler, sr. Zacarias Albano da Costa eleitos por voto direto em maio e junho de 2007.






                                          
fonte: www.wikipédia.pt
Presidente José Ramos-Horta
fonte: www2.planalto.gov.br
Primeiro Ministro Xanana em visita ao Brasil em 2011








fonte:www.unmultimedia.org/radio/portuguese/detail/170419.html
Chanceler Zacarias Albano da Costa 

O Timor foi dominado por Portugal em 1512. No século XVII, a Holanda disputou o controle da ilha com os portugueses que passaram a dominar a parte ocidental da ilha (oeste). Somente em 1914 a linha fronteiriça foi fixada de forma definitiva: Portugal ocupou a metade leste e mais um enclave (no interior da metade holandesa, denominando-o Ocussi ou Ambeno). Este enclave foi a primeira sede administrativa do Timor português, além disso, coube a Portugal na partilha, as ilhas de Pulau Ataúro (ao longo da costa norte) e Pulau Jacó, na ponta leste.

      O Timor é visto como uma área de transição entre a Ásia e a Oceania, devido a sua localização, a ilha é uma das últimas que formam a Insulíndia (região formada por arquipélagos de variada extensão em arco entre a Malásia e a Austrália), estando bem próxima da Austrália e do contexto oceânico. A própria denominação “Timor” (“Oriente”, em malaio) indica esta condição especial.


       Os quinhentos anos de domínio português deixaram marcas indestrutíveis na identidade nacional do Timor. Dentre as contribuições culturais, destaca-se em especial, a religião. A evangelização teve início com a chegada dos primeiros missionários no fim do século XVII mas efetivou-se apenas em 1875. Cem anos depois, em 1975, 32% da população era formada por católicos. A maioria, 58% mantinha-se fiel aos cultos animistas tradicionais. Além destes, registravam-se protestantes e muçulmanos. Em 1984, estes dados eram muito diferentes: para 578 mil habitantes, 428 mil eram católicos, inclusive 30 mil preparavam-se para receber a primeira eucaristia  - os demais (cerca de 10 mil) eram animistas, muçulmanos e protestantes. Os dados mostram que a grande maioria da população timorense voltou-se para o catolicismo como forma de preservação de sua identidade, recusando claramente os valores do novo colonizador – os indonésios. O governo da Indonésia, com o apoio do Banco Mundial, encaminhou a partir de 1984, uma colonização em larga escala no Timor com povos de outras regiões da Indonésia. Este programa de transmigração foi responsável, até 1995, pela introdução de mais de 100 mil imigrantes muçulmanos vindos da ilha de Java. A intenção verdadeira e não declarada era diluir a população local, alterando o quadro étnico do Timor-Leste.  Apenas 20% das aldeias originais continuam existindo. Este realojamento afetou profundamente a composição social, pois quebrou laços de consanguinidade e as ligações com os espaços tradicionais de vida. Muitos grupos étnicos quase foram extintos fisicamente.
       Em Timor, diferentemente da maioria das colônias, as marcas culturais do colonizador favoreceram, em parte os colonizados: além do catolicismo, a língua portuguesa, anteriormente proibida pelos invasores teve seu papel realçado nas lutas de resistência, constituindo a “língua oficial” do Timor-Leste. O português atuou como um dos mais importantes suportes da identidade nacional timorense, deferenciando-a dos milhões de falantes do bahasa (língua pertencente ao tronco malaio-polinésio, que tem sido adaptada e padronizada com base nos modelos malai e o holandês) na Indonésia/Malásia e do inglês em muitos países próximos.
       Conforme o atual presidente, José Ramos-Horta, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1996:
“Defendemos a reintrodução do português como língua oficial porque ainda há milhares de timorenses que falam o português e porque o Timor-Leste simplesmente não poderia sobreviver  como uma identidade específica sem o português. É o português que garante a identidade de Timor-Leste, é o português que nos diferencia da região, é o português que nos permite comunicação, ligação e solidariedade com um espaço maior, que é o espaço lusófono.” (publicado no Jornal Folha de São Paulo em  21/10/1996).
       Apesar da ocupação indonésia ser favorecida “por um processo de descolonização” mal encaminhado pela antiga Metrópole e o Vaticano ter adotado uma postura ambígua quanto à questão do Timor-Leste (caso da polêmica visita papal ao território em outubro de 1989) **, tanto o catolicismo quanto a língua portuguesa são um patrimônio da identidade nacional timorense, incentivado pela invasão indonesiana. Foi neste contexto que Kay Rala Xanana Gusmão, líder da resistência timorense entre 1978 e 1992 e atual primeiro-ministro do país, assinalou “...os efeitos positivos que se produziram entre os timorenses da tão prolongada presença portuguesa no país:
·  a cristianização que não só alterou radicalmente os fundamentos da sociedade indígena também conseguiu embrenhar-se na espiritualidade e pensamento timorense;
·  houve uma profunda miscigenação cultural, produto das relações complexas estabelecidas entre dominador dominado;
·  a adoção de uma língua estrangeira (o português) como fator para uma interpretação da realidade.”
       Desta forma, o timorense em meio a um conjunto de elementos milenarmente sedimentados, criou um perfil histórico e cultural específico, no qual estão diversos traços, entre eles a fé católica e a língua portuguesa (este é um traço de associação e interlocução com os países de língua portuguesa – Portugal, Cabo Verde, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e o Brasil). Um Timor-Leste independente, juntamente com todas estas nações, seria parceiro na projetada Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).


** os documentos referentes à visita do papa João Paulo II estão disponíveis em  http://amrtimor.org/docs/index.php e http://amrtimor.org/docs/visualizador.php?nome_da_pasta=06429.004&bd=IMPRENSA

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