sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A Igreja timorense frente à ocupação

       A partir de 1978 com o pontificado de João Paulo II, a Igreja Católica passou a adotar um novo direcionamento quanto às questões políticas e sociais. Propostas como o ecumenismo e a Teologia da Libertação, que continham avanços doutrinários na direção da emancipação de setores populares, deixaram de possuir qualquer respaldo da Santa Sé. Uma igreja com uma postura mais pastoral e menos política passou a ser cobrada em documentos e nos posicionamentos do Vaticano, a começar pelo próprio papa. Mas no Timor Leste, a Igreja ante as atrocidades cometidas pelos invasores e a possibilidade de anexação da ilha, passou a manifestar-se abertamente, apoiando os protestos da população maubere. Este vínculo foi favorecido com a indicação do bispo Carlos Felipe Ximenes Belo (laureado com o Prêmio Nobel da Paz em 1996) como administrador apostólico de Díli, que destacou-se como um grande defensor dos direitos humanos e um dos símbolos vivos da resistência timorense. Porém, esta proximidade da Igreja local com o povo maubere ocasionou conflitos com a cúpula da Igreja no Vaticano, que exaltava "uma sociedade  unificada e interdependente" que teria sido construída na Indonésia: isto significa que para o Vaticano, manter boas relações com um país que reunia a maior concentração muçulmana do mundo, tem se mostrado tolerante com as outras religiões (budista, hinduísta e cristã) e, de resto, queria ver proibido tanto o ateísmo, quanto o fundamentalismo islâmico. 
       Colocada em situação de confronto direto com o Vaticano e também com os católicos indonésios - em sua maioria favoráveis à anexação - a Igreja timorense  manteve seu compromisso de forma explícita com o povo maubere e na defesa de seus direitos.
       Durante a visita papal ao Timor Leste em 1989, João Paulo II, embora tenha apelado para o respeito aos direitos humanos, concluiu sua visita sem beijar seu solo, num gesto que foi interpretado por observadores internacionais como uma clara demonstração da Santa Sé no reconhecimento de fato, da anexação. 

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