sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A solidariedade no Brasil

       No Brasil, a luta maubere, até a concessão do Prêmio Nobel da Paz em 1996, era quase totalmente desconhecida. Em grande parte este desconhecimento foi de responsabilidade da imprensa. Os jornais da época limitaram-se a uma cobertura esporádica, fragmentada e com visão conservadora (quando das notícias, estas eram favoráveis à anexação).
       Quanto à postura do Itamaraty, seus pronunciamentos demonstraram um alinhamento com a posição dos Estados-membros da ONU, tendo apoiado as moções e resoluções em favor do Timor Leste, solicitando a retirada da Indonésia do território e a continuidade do processo de negociações sob a tutela daquele organismo. Este pronunciamento foi considerado muito tímido, afinal o Brasil tinha (e continua tendo!) afinidades com o Timor Leste (a língua portuguesa, a religião católica) e também pelo fato de o país ter uma responsabilidade como referência  no plano diplomático internacional.
       Esta situação alterou-se com a premiação de Ramos-Horta e de d. Ximenes Belo com o Nobel da Paz, sendo de se esperar uma mudança do Brasil com relação a sua política externa. Questionado a respeito do assunto quando de seu encontro com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 1996, José Ramos-Horta afirmou que o pragmatismo do Brasil era excessivo e não havia razão de existir,  pois o apoio ao direito à autodeterminação do Timor Leste não comprometeria as relação entre o Brasil e a Indonésia, que não seria capaz de hostilizá-lo.
       Quanto à sociedade civil, apenas em 1985, com a vinda ao Brasil do responsável pelas relações exteriores da resistência, sr. Mari Alkatiri, foram registradas algumas iniciativas, entre elas:
       - proposta de rompimento de relações diplomáticas com a Indonésia e a exigência de que as negociações de paz com os mauberes fossem imediatamente iniciadas, de autoria do então deputado federal Flávio Bierrenbach (PMDB/SP mandato entre 1983-1986);
       - proposta de abertura de representação diplomática da Freitilin no Brasil, encaminhada por diversos deputados e senadores de diferentes partidos;
       - apoio de organismos e de instituições como a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), da ABL (Academia Brasileira de Letras) e da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) em manifestações favoráveis à luta do povo maubere.
       Veja mensagens da Presidência da República ao Senado sobre o envio de pelotão reforçado de policiais do Exército para compor a força multinacional autorizada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas para restaurar a paz e a segurança do Timor Leste em 16/09/1999; 24/02/2000 e 11/08/2000 disponível em http://www.senado.gov.br/atividade/materia/Consulta
       Leia os requerimentos feitos em 08/09/1999, 17/10/1999, 26/10/1999, 06/11/1999 onde são solicitados por alguns senadores: censura junto ao governo da Indonésia apontando a indignação do Brasil com relação aos acontecimentos no Timor Leste; medidas adotados pelo Brasil para auxiliar na garantia da implementação pacífica da decisão soberana da população com relação à independência do Timor Leste; aprovação de voto de solidariedade à mensagem da Assembléia da República Portuguesa ao presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães, para que o Brasil conclame a Comunidade Internacional a assumir suas responsabilidades perante  o povo do Timor Leste e envie uma força multilateral de paz o mais rápido possível aquele país; requerem do Ministro das Relações Exteriores informações sobre as medidas oficias adotadas ou que pretende adotar o governo do Brasil no sentido do reconhecimento do Timor Leste como país independente, considerando o plebiscito realizado no dia 30/08/1999 pela população timorense; voto de aplauso à premiação dos líderes da resistência d. Ximenes Belo e Ramos-Horta, disponíveis em   http://www.senado.gov.br/atividade/materia/Consulta

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